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domingo, 12 de novembro de 2017

Rodolfo, ex-raimundos conta sobre banda independente

Rodolfo, o ex-Raimundos, parou de tocar o antigo Rock agressivo com sua antiga banda de sucesso há alguns anos e hoje faz Rock gospel.

 Ele teve todo sucesso do público nacional e possivelmente internacional a sua disposição e trocou isso por uma escolha pessoal, não baseada em sucesso e ganância, mas baseando-se num chamado mais puro e verdadeiro.

Rodolfo tinha a sua disposição, nos tempos de sucesso comercial, uma equipe enorme para ajustar os instrumentos, fora a quantidade de espectadores na TV e nos rádios ansiando pelo próximo lançamento da banda. 
Hoje a situação é outra, ele toca para um público bem específico, foi considerado traidor do Rock por muitos, e mau visto pelo seu antigo público em geral. Muitos podem julga-lo por ele ter largado o Rock para adorar a Deus, mas lendo sua entrevista eu percebo a verdade nas palavras. Leia esse trecho:
Eu me sinto muito mais livre. Eu viajo com a minha banda sem roadie, sem técnico de som, sem nada. Cada um chega e monta suas coisas. Normalmente a gente passa o som em 15 minutos e tá bom. Antes era uma equipe gigantesca, a tarde inteira passando som pra chegar na hora o negócio estar ruim. Fico pensando, qual é a diferença? Bateria é bateria, baixo é baixo, guitarra é guitarra, então qual é o grande mistério? Acho que quando você simplifica as coisas você extrai uma essência muito mais pura e muito mais preciosa. Eu tinha perdido isso, o real prazer de fazer música. Parece que eu estou com 15 anos de novo, onde você passa som em 10 minutos e sai tocando. Isso pra mim é fantástico, dá prazer. Eu tenho prazer em montar meu equipamento e afinar meu instrumento, coisa que eu nem sabia mais o que era.
Fico pensando a mesma coisa sobre o cinema. Estou tão satisfeito com a minha forma de produzir filmes. A única coisa que ainda não me satisfaz é o fato de que não tenho condições de pagar cachê aos atores e a equipe técnica, fora isso, gosto do esquema rápido e espontâneo de produção.
Então porque diabos eu devo perseguir o sucesso? O máximo que devo perseguir, em termos de dinheiro, é o suficiente para realizar o filme modestamente, não mais. 
Fora isso, há uma outra questão ainda mais relevante: Quando você produz independentemente, você tem liberdade para fazer da forma que você julga correta, sem pressões exteriores sobre como seria a forma mais adequada de agradar determinado público. Não há um compromisso com o sucesso e isso é libertador.
Por isso gosto tanto do cineasta Andrei Tarkovski, ele foi um cineasta de princípios nítidos e sinceros. Tarkovski nunca cedeu ao filme que a maioria das pessoas queriam que ele fizesse. 
Ele percebeu que tinha admiradores sinceros de seu trabalho da forma como fora feito, e que não precisava de atender a um grande público com sucessos comerciais. Apesar de todas as críticas negativas e desencorajamentos, Tarkovski foi contra a vontade da maioria e apostou em sua própria verdade. 
Não estou comparando o Rodolfo, ex-Raimundos ao realizador cinematográfico em questão estética ou artística, mas Rodolfo, assim como Tarkovski abdicou da imposição social do que é “certo” ou “viável” para buscar a própria verdade através de seu meio de expressão e assumir os riscos disso. 
Se você concorda com a verdade dele ou não, é outro caso, mas ele fez a escolha mais ética e verdadeira que poderia fazer.

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